A antiga Vila Pombalina de Vila Real de Santo António cuja construção data entre 1774 e 1776, foi idealizada sob os princípios de um plano urbanístico coerente, funcional, ordenado como um todo orgânico. Constitui um exemplar único do traçado urbanístico que caracterizou a arquitectura do «Século das Luzes» em Portugal.
A vila regular implementava uma moderna e ativa unidade industrial de transformação e exportação do pescado, ao mesmo tempo que realizava o controlo aduaneiro do contrabando na região.
Erguida na zona ribeirinha do Guadiana frente a Espanha, Vila Real de Santo António organiza-se de forma regular através de rigorosa geometrização urbana, ao qual a arquitetura se vai adaptar, com um mínimo de tipologias. A Vila se estrutura consoante a função a que se destina cada zona: uma linha ribeirinha dedicada às funções primordiais da vila; uma segunda linha, a Praça Real, destinada essencialmente aos “serviços e comércio”, e as restantes áreas destinadas maioritariamente à habitação.
A vila de planta retangular, com 1930 palmos de comprimento por 950 palmos de largura (1 palmo=22cm), é composta por cinco ruas que se cruzam ortogonalmente entre si, com orientação norte-sul, e seis ruas no sentido este-oeste, todas com a mesma largura de 40 palmos, e uma praça central quadrada com 340 palmos.
A primeira linha da frente da vila, constituída pela fachada principal e concebida como se de um palácio se tratasse, assume o papel de entrada da vila. Os sete quarteirões que compõem a fachada Pombalina centram o primeiro edifício construído na vila – a Alfândega. Alinham-se de um lado e outro as Sociedades de Pescarias, rematadas a norte e a sul, por dois Torreões, que fecham a simetria da fachada.
A Praça Real, hoje Praça Marquês de Pombal, de planta quadrada, ocupa uma segunda linha na hierarquia do traçado da vila, projetada em estrita relação com o complexo industrial, e situada perto da zona ribeirinha. O Obelisco, monumento erguido em honra do rei D. José I, ostenta o centro da praça. A Igreja ocupa o lado norte, e é o único elemento que rompe com a simetria do conjunto edificado. Destaca-se o edifício da Câmara Municipal que preside a Praça.
Nas traseiras da Câmara Municipal o antigo Mercado ocupava metade de um quarteirão, dando a sua frente para a Rua da Princesa, a única que se mantem com o topónimo antigo de 1776.
Duas Praças Laterais simétricas, atualmente Largo António Aleixo e Largo Lutgarda Guimarães de Caires, foram projetadas na origem em forma de U, e desenhadas na sua origem com um poço público ao centro, uma delas tinha ainda um Pelourinho, hoje desaparecido.
Dos quarenta e um quarteirões que compõem a planta da vila Pombalina, vinte e cinco deles foram exclusivamente constituídos por Casas Térreas, edificadas sob o recurso à regra da simetria. Trata-se de casas com telhados de duas águas, construídas com grande economia de meios e uma clara funcionalidade predominando a alternância entre portas e janelas. Os edifícios da praça e da frente ribeirinha são Casas de Dois Pisos, coroados por pequenas mansardas, ficando no piso superior a residência da nobreza.
O antigo edifício do Quartel Militar ocupava um quarteirão do centro histórico, repetia morfologicamente as forma dos edifícios das habitações, e dispunha de um grande pátio interior para usos funcionais. Hoje abriga o centro cultural da cidade.
A antiga Fábrica do Assento constituída por três edifícios que ocupavam um quarteirão do centro histórico, tinha como função principal a preparação da farinha e o fabrico do pão, ao mesmo tempo que servia de residência ao administrador. As suas fachadas foram desenhadas mantendo-se os mesmos elementos tipológicos dos restantes edifícios. Hoje abriga o quartel da Guarda Republicana.
Mais informação descarregue o PDF e visite-nos em Rotas do Iluminismo.