O período do Iluminismo no reino da Guatemala é o resultado de uma combinação de fatos históricos suscitados em Espanha sob a influência do pensamento ilustrado. Os movimentos de independência das colônias americanas e de uma conjuntura de transladação e refundação da cidade do Valle de la Ermita (1776), devido à destruição da antiga cidade de Santiago de los Caballeros, causada pelos terremotos em 1773.
A principal corrente externa provém do Despotismo Iluminista Borbónico, que impulsionará o conceito de racionalidade na administração pública do Reino, mediante a reorganização económica política colonial, através da Reforma das Intendências no Reino da Guatemala e dos Conselhos Provinciais das Cortes de 1812. O novo ambiente iluminista gera uma mudança principalmente nas elites intelectuais, radicalizando as suas posições sobre a liberdade, o que consequentemente resultará em movimentos independentistas e a sua consagração em 1821. Surgem as academias artísticas, o desenvolvimento da ciência, através de expedições científicas, o desenvolvimento filosófico em aula nas Universitárias, assim como renovadas criações no campo da literatura e da música. A singularidade deste período assenta na coincidência da transferência da cidade da Guatemala para o Valle de la Ermita (1776).
A Nova Guatemala de la Asunción, foi fundada em 2 de janeiro de 1776, posteriormente a 28 de janeiro de 1776 foi recebida a Real Cédula que aprova o projeto de bases da transladação da cidade, emitida também em San Ildefonso na data de 21 de setembro de 1775.
Mesmo quando foi Diez de Navarro quem efetuou o limite da cidade, tal como podemos verificar no plano de 1 de março de 1776, a sua traça finalmente refletiu os planos do arquiteto Marcos Ibáñez de 24 de novembro de 1778, de acordo com interessantes recomendações assessoradas por Francisco Sabatini, e de acordo com as ordens de Felipe II no ano de 1573.
O seu traçado reticular, preservado atualmente quase na íntegra, converte-a numa cidade típica do período do Iluminismo. Esta tem a sua origem no cruzamento da sexta e oitava rua, o Cardus e o Decumanus à maneira romana, na qual se localiza a Praça Mayor de Armas, delimitada pelos principais edifícios representativos do poder Real, Local, Civil e Eclesiástica.
A traça projetada localizou estrategicamente as igrejas tradicionais, em torno das quais se viriam a desenvolver com o tempo os bairros tradicionais, os quais refletem ainda hoje os anseios do espírito iluminista original.
Existem dois momentos históricos na Nova Guatemala de la Asunción, que por assim dizer, desenharam o perfil arquitetónico da cidade, o primeiro impulso decorre da transladação, fundação (1776) e a primeira modernização Borbónica iluminista, e o segundo impulso, anos mais tarde, resulta da consolidação da república e da ideologia liberal a partir de 1871.
Da primeira fase herdamos a traça urbana reticular original e um conjunto de importantes edifícios de estilo neoclássico e composto, de acordo com as novas correntes do iluminismo, que diferenciarão a Nova Guatemala de la Asunción, da sua antecessora Santiago de los Caballeros, de estilo barroco.
Enquanto na segunda etapa, a cidade se verá enriquecida mediante uma série de conjuntos urbanos arquitetónicos e paisagísticos, concebidos sob a influência francesa, bem como o surgimento de novos edifícios de serviços e infra-estruturas, próprias da nova economia liberal. A partir de 1776 os principais edifícios do governo e edifícios religiosos são projetados por arquitetos como Luís Diez Navarro, Marcos Ibáñez, Antonio Bernasconi. Dentro dos conjuntos urbanos de traça original, encontra-se a construção do Hipódromo del Norte e o Bulevar Simeón Cañas, iniciados em 9 de novembro de 1879. A primeira avenida talvez sob os últimos impulsos deste grande período, ficaram tardiamente fixados em duas importantíssimas obras, o Parque Minerva e o Jardim Botanico.